Arquivo mensais:maio 2022

Peru.

Diário de bordo

Peru.

  • Nelson Muniz Barretto
  • 27/maio/2022

País de contrastes extremos.

De um lado o oceano Pacífico e de outro um mundo árido, marrom, montanhoso. Vez por outra um vale onde cada centímetro é aproveitado para se plantar de tudo.

As cidades vão se sucedendo ao longo da  estrada Panamericana  e a pobreza aparece escancarada.

Difícil imaginar que tantos vivam em condições tão precárias, num país com civilizações tão extraordinária como os Paracas, que já faziam cirurgia cranianas para reparar fraturas ou extrair fragmentos de armas dos crânios dos guerreiros.

Já os Nazcas ( 100 aC – 800 dC ) construíram aquedutos debaixo da terra levando água dos altos morros para as planíces.  Alguns desse aquedutos estão transportando água ainda hoje. 

Sem falar dos Incas e sua magnífica cultura.

Depois da fronteira com o Chile , segui pela costa com um desvio para conhecer Nazca. Fiz um belo vôo para ver as famosas linhas de Nazca e de fato são desenhos em baixo relevo onde retiravam a parte escura do solo para expor a parte mais clara. São gigantescos os desenhos que só podem ser apreciados do alto. Um colibri, uma aranha, um macaco, um condor, um cachorro, uma espiral e algumas setas. São todos magníficos e os deuses devem ter ficado agradecidos com tão belas oferendas.

Ontem cheguei a Lima e pude apreciar o centro histórico com sua arquitetura colonial espanhola.

Lima , cidade de 11 milhões de habitantes. Quase um terço da população do Peru vive aqui. O trânsito é caótico e todos gostam de buzinar por qualquer motivo. 

Não posso deixar de mencionar a alta gastronomia peruana que é de fato especial. De forma geral nas pequenas cidades, come-se muito bem ao preço de oito sóis equivalentes a dois dólares. Deixo aqui registradas algumas fotos deste país tão interessante.

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Calama, 7 de maio de 2022

  • Nelson Muniz Barretto
  • 17/maio/2022

Minha primeira tentativa de fazer uma viagem da Patagônia ao Alasca de moto sozinho foi frustrada por um acidente que sofri na Bolívia em 7 de maio de 2017.

Na ocasião estava em um lugar remoto chamado Parque de la Fauna Andina Eduardo Avaroa.

Terreno inóspito, temperaturas baixas e altitude foram os obstáculos encontrados naquela manhã.

Por volta das 11:30h seguia as marcas dos pneus dos carros  já que o terreno muito pedregoso  era extremamente escorregadio e sair fora da trilha era perigoso. Tive uma vertigem e percebi que iria cair e nada mais recordo. Permaneci desmaiado por uma hora  e nesse tempo lembro de duas tentativas para levantar e tornar a desfalecer. Finalmente consegui com muito esforço levantar e à minha volta estavam algumas pessoas. Era um grupo de franceses que me ajudaram a entrar em um carro com meus pertences e sem a moto. Sentia muitas dificuldade de respirar e e uma dor aguda e deduzi que havia quebrado alguma costela. Levaram-me de volta à fronteira com o Chile, país que havia deixado pela manhã rumo à Bolívia. Lá tive que esperar até que alguém me levasse de volta ao Chile pois os hospitais da Bolívia estavam muito distantes. Finalmente um senhor concordou em me levar, juntamente com um dos guardas do parque, naquela que seria a mais dolorida viagem de minha vida, pois como soube depois havia quebrado dez costelas e o ombro e com o impacto os vasos pulmonares se romperam e tive uma hemorragia pulmonar. Levaram-me para São Pedro do Atacama, porém trata-se de um povoado que não tem hospital. Fui a um posto de saúde e esperei uma ambulância que me levaria a um hospital chamado  Dr. Carlos Cisternas em Calama.

Enquanto esperava apareceu a Idiana , dona do hotel Corvatsch onde havia me hospedado nas noites anteriores.

Disse-me que guardaria minhas coisas e que assim que chegasse ao hospital deveria fugir daquele lugar pois lá eu morreria por falta de cuidados. Tranquilizou-me dizendo que mandaria um casal de amigos me tirar de lá.  Cheguei a Calama uma hora e meia depois e de fato fui jogado numa maca e lá permaneci sem que ninguém me examinasse. Foi assim que conheci o Juan e a Evelyn que  contrataram uma ambulância e me levaram para o Hospital do Cobre Dr. Salvador Allende.

Fiquei quase um mês naquele hospital e recebi o carinho e a atenção desse casal maravilhoso e da Idiana que sempre me ligava e às vezes ia me visitar. Fui tratado com carinho pela equipe médica  liderada pelo Dr. Torres e pelas enfermeiras e fisioterapeuta e até a chegada da Lena que estava no Brasil foram as minha companhias. 

Eis que volto à estrada cinco anos depois e evidentemente uma parada em Calama seria obrigatória para visitas os amigos mas  desta vez em companhia  da Lena esta brava e corajosa mulher

Chegamos a Calama no dia do 5 de maio e no dia seguinte  comecei a ter febre e me sentir mal e fui diagnosticado com Covid

Por coincidência dia 7 de maio estava novamente no Hospital do Cobre exatamente na mesma data de minha internação cinco anos antes.

Felizmente não tive que ser internado e fiquei em quarentena em um hotel.

Obviamente Lena também pegou o Vírus e neste momento aguardamos que se complete a quarentena para podermos fazer novos exames e receber alta.

Espero voltar à estrada na quarta feira e Lena voltará para o Brasil.

Essa foi a razão deste prolongado silêncio.

Norte da Argentina

Diário de bordo

Norte da Argentina

  • Nelson Muniz Barretto
  • 03/maio/2022

Susques, 3 de maio de 2022.

Foi um longo caminho até aqui com muitas boas surpresas e gente amável que nos recebeu como se fossemos da família. Em Tucuman o Marcelo e a Maria Helena nos ofereceram um maravilhoso jantar e ficou a certeza de uma nova amizade. Já em Jujuy, conhecemos Lucía, uma professora de história com a qual tivemos ótimos momentos. Depois de muita chuva pelo caminho, chegamos a Purmamaca e visitamos Humahuaca e suas famosas montanhas coloridas chamadas de Hornocal. Jantamos em Tilcara que é uma pequena cidade da região. Música da melhor qualidade que conserva suas raízes. Tomara saibam preservar essa preciosidade.

Hoje saímos tarde e resolvemos visitar uma das salinas e dormir em Susques e amanhã seguir para San Pedro de Atacama, já no Chile. 

Não sairemos antes das dez pois a temperatura esta noite será de nove abaixo de zero e só depois das dez teremos temperaturas positivas.