Arquivo mensais:abril 2017

Enfim cheguei ao Chile

Diário de bordo

Enfim cheguei ao Chile

  • Nelson Muniz Barretto
  • 14/abr/2017

IMG_3992 IMG_3983 IMG_3991 IMG_3989 IMG_3987 IMG_3985IMG_3993 Valeu a pena visitar o parque de Ischigualasto. A região é linda e as formações são mesmo únicas.

Ischigualasto significa terra sem vida terra morta. Região árida mas interessante e a visita guiada que leva três horas valeu a pena.

A demora entretanto fez com que eu tivesse que apressar o passo e depois de abastecer em Las Flores às 17:00h descobri que o posto de fronteira fechava justamente naquele horário. Corri como louco e cheguei às 17:03h e lógico, disseram que já estava fechado. Devo ter feito uma cara  de decepção tão grande que a policial sentiu pena e depois das formalidades me deixou passar. entre esse posto na Argentina e o do Chile temos ao redor de 150 km. A estrada que estava boa nos primeiros 30km se transformaram em cascalho e depois em cascalho solto, sem nenhuma trilha e com costela de vaca . O caminho foi duro e quase caí umas 4 vezes. Subida íngreme , curvas fechadíssimas e cascalho solto, uma perfeita combinação para um desastre. Fora o fato de que atingi 4.800m de altitude e já logo chegou a noite. Acabei chegando no posto de alfândega depois das 9 da noite. Logo após bela estrada de asfalto e um caminho livre rumo a La Serena.

Cheguei por volta das 23:30h com fome. O restaurante ali perto estava fechado e acabei tendo que comer um dos pratos de comida liofilizada que carrego para as emergências.

Aprendi alguma lições com esse extenuante dia. Ainda que quisesse chegar ao Chile por aquele caminho corri riscos desnecessários e devo evitar situações parecidas. Devo trocar urgentemente os pneus da moto pois os atuais lisos, não servem para esse tipo de piso.

No dia seguinte voltei pela mesma estrada para visitar o vale do rio Elqui que é muito lindo.

Como prometido hoje vou publicar algumas fotos.

Traduzido Pelo Mike Holden

It was worth visiting the park of Ischigualasto. The region is beautiful and the formations are really unique.

Ischigualasto means dead land dead land. Arid but interesting region and the guided tour which takes three hours was well worth it.

The delay however made me have to hurry up and after refueling in Las Flores at 17:00 I discovered that the border post closed at precisely that time. I ran like crazy and I arrived at 17: 03h and of course, they said it was already closed. I must have made a face of disappointment so great that the police officer felt sorry and after the formalities let me through. Between this station in Argentina and the one in Chile we have around 150 km. The road that was good for the first 30km turned into gravel and then into loose gravel, with no footpath and cow ribs. The road was rough and I almost fell 4 times. Steep climb, tight turns and loose gravel, a perfect match for a disaster. Apart from the fact that I reached 4,800m altitude and it was night. I ended up arriving at the customs post after 9 a.m. Just after beautiful asphalt road and a free path to La Serena.

I arrived around 11:30 p.m. hungry. The restaurant nearby was closed and I ended up having to eat one of the freeze-dried food dishes I carry for emergencies.

I learned some lessons from that strenuous day. Even if I wanted to get to Chile that way, I took unnecessary risks and I should avoid similar situations. I must urgently change the tires of the motorcycle because the current ones are not suitable for this type of floor.

The next day I returned by the same road to visit the valley of the river Elqui that is very beautiful.

As promised today I will post some photos.

 

Diário de bordo

A caminho do “Paso de Agua Negra”

  • Nelson Muniz Barretto
  • 10/abr/2017

Depois de uma breve parada em Córdova segui para Capilla del Monte parando no aeródromo de La Cumbre para comer, por indicação de um piloto que conheci na estrada. Na chegada levei um belo tombo sem consequências para a moto ou para mim a não ser ficar coberto de lama.

Continuei para Capilla del Monte e perto de    fui visitar queridos amigos em uma linda fazenda em  Ongamira. Fui recebido com carinho pelo Gustavo e a Vilma e papeamos das oito da noite até uma e meia da madrugada.

Ao sair hoje cedo uma surpresa. A moto estava sem bateria. Isso é altamente preocupante pois estava desligada e obviamente há uma fuga de corrente. Terei que descobrir isso para minha segurança. Por sorte estava na casa de amigos e ele tinha um carregador de bateria.

A jornada não foi longa e a chuva deu uma trégua. Resolvi cruzar os Andes pelo Paso de Agua Negra, que é um caminho de terra mas parece estar bem conservado. Soube hoje que a travessia por Mendoza estava fechada por causa de uma nevasca. Amanhã visito dois parques aqui perto, o Talampaya  com seu desfiladeiro e o Ischigualasco com suas curiosas formações geológicas e sedimentos pertencentes ao período Triássico da era Mesozóica, cerca de 200 milhões de anos e que abrigam grande quantidade de fósseis daquela época.

Quem sabe não encontro um dinossauro!

Agora vou descansar um pouco pois quero estar bem para enfrentar essa travessia que espero seja sem muita neve. A altitude também é outra coisa que me preocupa.

Diário de bordo

A caminho de Santa Fé, Argentina

  • Nelson Muniz Barretto
  • 07/abr/2017

Sob chuva deixei Passo Fundo pensando chegar a Uruguaiana no final da tarde.

Logo esse plano mudou e acabei visitando as ruínas de São Miguel das missões. Falarei disso mais tarde.

Seguindo  os conselhos de gente do local decidi cruzar a fronteira em São Borja, terra de Getúlio Vargas e João Goulart dois presidentes do Brasil.

A decisão foi boa pois nunca foi tão fácil cruzar uma fronteira.

Soube que haveria uma greve que pararia a Argentina e decidi encher o tanque da moto e caminhar o máximo possível para chegar próximo a Santa Fé, meu destino nessa etapa. A chuva parou e a boa estrada fez com que parasse para comer às 10 da noite num pequeno e simples restaurante na entrada de Sauce de  Luna na província de Entre Rios.

A viagem até lá havia sido cansativa. Durante o dia quase atropelei um cachorro e à noite  uma raposa que  quase me levou a um tombo. Estrada reta ruim em alguns trechos e cheia de bichos. Avistei além de raposas uma capivara e uma onça preta. Pior de tudo é o bicho homem e na província de Corrientes fui parado por um policial. Logo ao seu sinal, parei no acostamento e ele me ordenou e parasse mais adiante. Pediu-me os documentos e perguntou-me se eu não o tinha visto. Disse que sim e por isso havia parado. Examinou tudo e logo foi conversar com seu colega que se dirigiu a mim dizendo que os argentinos eram muito egoístas e que gostavam de aplicar multas. falou das regras de velocidade nas estradas e eu respondi que as conhecia e respeitava. perguntou-me novamente se eu não tinha visto seu colega e eu disse que sim e que à sua indicação havia parado. Continuou o discurso tentando encontrar uma oportunidade para pedir-me dinheiro. Disse que as multas eram muito caras e que teria que pagar uma fortuna e em dólares.

Eu me divertia com aquele discurso todo, tratando de fazer-me de desentendido. Ao final, não tendo uma razão para multar-me disse muito sem graça que não iria dessa vez aplicar-me nenhuma multa. Agradeci e calmamente parti.

Depois de 2km novamente fui parado e logo disse ao policial que havia sido parado 5 minutos antes por outros colegas. Como que ofendido ele me disse que aqueles eram da província de Corrientes e agora eu estava em Entre Rios e portanto eles sim é que eram importantes. Esse entretanto apenas conferiu os documentos e me deixou partir.

O curioso é que em cada cidade que passava já de madrugada encontrava muita gente à beira da pista ao lado de pneus em chamas. Eram caminhoneiros se preparando para a greve geral. Conversei com um grupo deles que vendo meu interesse me ofereceram comida e ao final me desejaram boa sorte.

Cheguei a Santa Fe às 2 da madrugada  depois de caminhar 1048 km e ao chegar ao hotel depois de descarregar as malas, ao colocar a chave na moto ela caiu e se perdeu. Demorei meia hora, tentando encontrar a chave que estava alojada na base do amortecedor. Com tudo isso fui dormir depois das 4 da manhã bastante cansado.Hoje passei o dia com amigos argentinos Gustavo e Silvana e à noite fomos jantar na companhia do filho de Silvana ,  Santiago, da mãe de Gustavo e da  irmã Patrícia, todos eles apaixonados pelo Brasil.

Bom estar com amigos tão queridos e assim termina minha estada em Santa Fe que por sinal é uma linda cidade.

Nota do momento

  • Nelson Muniz Barretto
  • 05/abr/2017

A chuva não molha só por fora!

Diário de bordo

  • Nelson Muniz Barretto
  • 04/abr/2017

Poucos progressos neste dia de viagem. Apenas 520km e muita chuva. Estou em Passo Fundo  no Rio Grande do Sul e amanhã  deixo o Brasil.

Espaço da Lena

Começou a aventura

  • Nelson Muniz Barretto
  • 03/abr/2017

Finalmente começou nossa viagem ontem…Foi um longo período de muita preparação até a saída. 

Eu vim bem apertada no meio de tantas bagagens mas acabei achando meu espaço e consegui um conforto inesperado. 

Chegamos a Florianópolis, depois de muita chuva, na casa aconchegante dos amigos queridos Bia e Ueli. 

Hoje é dia de descansar e se preparar para a próxima etapa. 

Agora meu amor vai sozinho até Santiago, minha próxima etapa.

Diário de bordo

  • Nelson Muniz Barretto
  • 03/abr/2017

Sair, largar fronteiras, ter o mundo como destino.

Nada fala mais alto a um coração cigano.

Coração apertado confesso, por deixar pessoas queridas e esses bichos que tanto fazem parte de minha vida. Partir é também uma perda, daquilo que não poderá mais ser visto.

Apesar de tudo isso, partimos rumo a Florianópolis para os primeiros quilómetros desta viagem que começa agora.

Foram 836 km com muita chuva em alguns trechos da estrada, principalmente com o  transito intenso na chegada à noite.

Já nos esperavam a Bia, o Ueli e o Luca filho deles com um maravilhoso jantar feito pelo Ueli que é um tremendo chefe de cozinha. Foi o aniversário da Bia e comemos uma lasanha de siri deliciosa.

Amanhã sigo viagem já sozinho, mas cheio de curiosidade por tudo o que me espera.

A nota da viagem foi certamente o encontro com pessoas que vendo a moto tão carregada, sempre perguntavam para onde estávamos indo e nos desejavam boa viagem.

Encontramos também duas moças, uma peruana e outra colombiana que já estavam na estrada há nove meses com uma pequena moto e iam rumo à Patagonia. Boa sorte meninas , boa sorte a todos os cidadãos do mundo.

Lembrei de uma canção portuguesa que fala dos imigrantes  que eram obrigados a buscar trabalho em terras estranhas e embora não seja esse o motivo de minha viagem, retrata bem o que estou sentindo.

” se partimos em campanha , foi contra nossa vontade. Quem parte leva saudade, pois nem sabe se regressa”