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Diário de bordo

A caminho de Santa Fé, Argentina

  • Nelson Muniz Barretto
  • 07/abr/2017

Sob chuva deixei Passo Fundo pensando chegar a Uruguaiana no final da tarde.

Logo esse plano mudou e acabei visitando as ruínas de São Miguel das missões. Falarei disso mais tarde.

Seguindo  os conselhos de gente do local decidi cruzar a fronteira em São Borja, terra de Getúlio Vargas e João Goulart dois presidentes do Brasil.

A decisão foi boa pois nunca foi tão fácil cruzar uma fronteira.

Soube que haveria uma greve que pararia a Argentina e decidi encher o tanque da moto e caminhar o máximo possível para chegar próximo a Santa Fé, meu destino nessa etapa. A chuva parou e a boa estrada fez com que parasse para comer às 10 da noite num pequeno e simples restaurante na entrada de Sauce de  Luna na província de Entre Rios.

A viagem até lá havia sido cansativa. Durante o dia quase atropelei um cachorro e à noite  uma raposa que  quase me levou a um tombo. Estrada reta ruim em alguns trechos e cheia de bichos. Avistei além de raposas uma capivara e uma onça preta. Pior de tudo é o bicho homem e na província de Corrientes fui parado por um policial. Logo ao seu sinal, parei no acostamento e ele me ordenou e parasse mais adiante. Pediu-me os documentos e perguntou-me se eu não o tinha visto. Disse que sim e por isso havia parado. Examinou tudo e logo foi conversar com seu colega que se dirigiu a mim dizendo que os argentinos eram muito egoístas e que gostavam de aplicar multas. falou das regras de velocidade nas estradas e eu respondi que as conhecia e respeitava. perguntou-me novamente se eu não tinha visto seu colega e eu disse que sim e que à sua indicação havia parado. Continuou o discurso tentando encontrar uma oportunidade para pedir-me dinheiro. Disse que as multas eram muito caras e que teria que pagar uma fortuna e em dólares.

Eu me divertia com aquele discurso todo, tratando de fazer-me de desentendido. Ao final, não tendo uma razão para multar-me disse muito sem graça que não iria dessa vez aplicar-me nenhuma multa. Agradeci e calmamente parti.

Depois de 2km novamente fui parado e logo disse ao policial que havia sido parado 5 minutos antes por outros colegas. Como que ofendido ele me disse que aqueles eram da província de Corrientes e agora eu estava em Entre Rios e portanto eles sim é que eram importantes. Esse entretanto apenas conferiu os documentos e me deixou partir.

O curioso é que em cada cidade que passava já de madrugada encontrava muita gente à beira da pista ao lado de pneus em chamas. Eram caminhoneiros se preparando para a greve geral. Conversei com um grupo deles que vendo meu interesse me ofereceram comida e ao final me desejaram boa sorte.

Cheguei a Santa Fe às 2 da madrugada  depois de caminhar 1048 km e ao chegar ao hotel depois de descarregar as malas, ao colocar a chave na moto ela caiu e se perdeu. Demorei meia hora, tentando encontrar a chave que estava alojada na base do amortecedor. Com tudo isso fui dormir depois das 4 da manhã bastante cansado.Hoje passei o dia com amigos argentinos Gustavo e Silvana e à noite fomos jantar na companhia do filho de Silvana ,  Santiago, da mãe de Gustavo e da  irmã Patrícia, todos eles apaixonados pelo Brasil.

Bom estar com amigos tão queridos e assim termina minha estada em Santa Fe que por sinal é uma linda cidade.

Nota do momento

  • Nelson Muniz Barretto
  • 05/abr/2017

A chuva não molha só por fora!

Diário de bordo

  • Nelson Muniz Barretto
  • 04/abr/2017

Poucos progressos neste dia de viagem. Apenas 520km e muita chuva. Estou em Passo Fundo  no Rio Grande do Sul e amanhã  deixo o Brasil.

Espaço da Lena

Começou a aventura

  • Nelson Muniz Barretto
  • 03/abr/2017

Finalmente começou nossa viagem ontem…Foi um longo período de muita preparação até a saída. 

Eu vim bem apertada no meio de tantas bagagens mas acabei achando meu espaço e consegui um conforto inesperado. 

Chegamos a Florianópolis, depois de muita chuva, na casa aconchegante dos amigos queridos Bia e Ueli. 

Hoje é dia de descansar e se preparar para a próxima etapa. 

Agora meu amor vai sozinho até Santiago, minha próxima etapa.

Diário de bordo

  • Nelson Muniz Barretto
  • 03/abr/2017

Sair, largar fronteiras, ter o mundo como destino.

Nada fala mais alto a um coração cigano.

Coração apertado confesso, por deixar pessoas queridas e esses bichos que tanto fazem parte de minha vida. Partir é também uma perda, daquilo que não poderá mais ser visto.

Apesar de tudo isso, partimos rumo a Florianópolis para os primeiros quilómetros desta viagem que começa agora.

Foram 836 km com muita chuva em alguns trechos da estrada, principalmente com o  transito intenso na chegada à noite.

Já nos esperavam a Bia, o Ueli e o Luca filho deles com um maravilhoso jantar feito pelo Ueli que é um tremendo chefe de cozinha. Foi o aniversário da Bia e comemos uma lasanha de siri deliciosa.

Amanhã sigo viagem já sozinho, mas cheio de curiosidade por tudo o que me espera.

A nota da viagem foi certamente o encontro com pessoas que vendo a moto tão carregada, sempre perguntavam para onde estávamos indo e nos desejavam boa viagem.

Encontramos também duas moças, uma peruana e outra colombiana que já estavam na estrada há nove meses com uma pequena moto e iam rumo à Patagonia. Boa sorte meninas , boa sorte a todos os cidadãos do mundo.

Lembrei de uma canção portuguesa que fala dos imigrantes  que eram obrigados a buscar trabalho em terras estranhas e embora não seja esse o motivo de minha viagem, retrata bem o que estou sentindo.

” se partimos em campanha , foi contra nossa vontade. Quem parte leva saudade, pois nem sabe se regressa”

 

Quando acaba a gasolina

Imprevistos

Quando acaba a gasolina

  • Nelson Muniz Barretto
  • 09/fev/2017

Saí de Los Antiguos  na província de Santa Cruz, pela manhã, com destino a Cueva de las Manos, incrível parque arqueológico às margens do Rio Pinturas. Cheguei cedo e encontrei um  animado grupo de alemães que como eu, foram atraídos pela beleza do local e pelas interessantes manifestações artísticas desses caçadores coletores que ocuparam a região há 9.500 anos atrás. Conversamos um pouco e logo tomei meu caminho para Bajo Caracoles, onde havia um posto de gasolina.

O que não havia era gasolina e a informação de que chegaria em 4 dias não era nada animadora. Saí à procura desse precioso líquido tendo a sorte de encontrar uma família francesa que viajava pelas Américas e me cedeu 5 litros. Somado aos que ainda tinha, daria para chegar a Governador Gregores onde certamente encontraria gasolina.

Saí muito tarde e logo veio a noite. Para piorar levei um tombo e  tão cansado estava que tive que esperar um pouco para retirar as malas e levantar a moto.

Mais adiante a estrada piorou muito e o bom asfalto deu lugar a uma estrada de cascalho  solto difícil de caminhar.

Mais adiante um desvio, que aumentou a distância a percorrer e o combustível já não alcançaria.

Noite escura , estrada deserta  em região habitada por nhandus, guanacos e pumas.

Sem barraca, sem comida e já cansado, a idéia de encontrar um puma pelo caminho me preocupava.

Comedores de guanacos, esses lindos felinos mudariam o cardápio para provar um exótico motociclista?

Decidi continuar até onde a moto me levasse na certeza de que  quando acabasse a gasolina, estaria  ainda muito longe de qualquer cidade.

Por volta da meia noite, me deparei com uma placa que dizia que havia uma fazenda  de turismo a cerca de 1km.

Caminhei um pouco e encontrei outra  que dizia que estava há 4 km da fazenda.

Novas dúvidas surgiram, teria andado em sentido oposto por 3km? Não fazia sentido pois não me pareceu que havia andado tanto assim. Além de tudo a placa estava virada para mim e portanto aquela parecia ser a direção correta. Deveria haver ali alguma outra estrada e acabei vendo uma porteira. Abri com certo receio e segui por uma estrada menor e pior. Logo encontrei outra mais e mais outra até avistar uma luz bem longe. Onde há luz há alguma casa e para lá me dirigi, buzinando, para que não me tomassem por um bandido querendo chegar sorrateiramente.

Havia um senhor ao lado de uma árvore.

Tirei rapidamente o capacete, me desculpando por chegar àquela hora e contei sobre a placa.

Para meu alívio, ele disse que era aquele o lugar e que para minha sorte havia um único quarto disponível. Nem perguntei o preço.

Perguntou-me se eu havia comido alguma coisa e diante da negativa, sugeriu que deixasse minhas coisas no quarto e que fosse a um galpão onde me daria algo para comer.

Qual foi minha minha surpresa quando lá cheguei e encontrei o  mesmo grupo de alemães que havia encontrado em Cueva de las Manos. Havia música e me serviram um belo churrasco e um bom vinho. Cantamos  ao som do violão e comemos até a madrugada.

Conheci na ocasião Analia Charbonier, charmosa uruguaia que acompanhava o grupo e logo nos tornamos amigos compartilhando aquele momento mágico.

Pela manhã o Sr. Tonchi Kusanovic, um simpático descendente de croatas e proprietário da fazenda, me vendeu um pouco de gasolina e pude seguir viagem.

Deixei para trás a fazenda La Angostura com o sentimento de que o inesperado pode ser maravilhoso, quando acaba bem.

Puntarenas, Patagônia, Chile.

Fotos

Puntarenas, Patagônia, Chile.

  • Nelson Muniz Barretto
  • 25/dez/2016
Ilha de Chiloé, Chile.

Ilha de Chiloé, Chile.

  • Nelson Muniz Barretto
  • 23/dez/2016

Ilha de Chiloé, Chile.

Puerto Rio Tranquilo, Patagônia , Chile.

Fotos

Puerto Rio Tranquilo, Patagônia , Chile.

  • Nelson Muniz Barretto
  • 20/dez/2016

Ás margens do maior lago General Carrera, o maior do Chile , encontra-se o povoado de Puerto Rio Tranquilo. Desse lindo lugar partem os barcos que nos levam a formações de mármore de cerca de 300 milhões de anos, esculpidas pelas águas. Essas erosões criaram cenários magníficos e uma dela é conhecida como catedral de mármore.

Diário de bordo

A partida está próxima.

  • Nelson Muniz Barretto
  • 18/dez/2016

Muito por fazer antes da partida e se tudo der certo, saio ainda em janeiro.