Minha primeira tentativa de fazer uma viagem da Patagônia ao Alasca de moto sozinho foi frustrada por um acidente que sofri na Bolívia em 7 de maio de 2017.
Na ocasião estava em um lugar remoto chamado Parque de la Fauna Andina Eduardo Avaroa.
Terreno inóspito, temperaturas baixas e altitude foram os obstáculos encontrados naquela manhã.
Por volta das 11:30h seguia as marcas dos pneus dos carros já que o terreno muito pedregoso era extremamente escorregadio e sair fora da trilha era perigoso. Tive uma vertigem e percebi que iria cair e nada mais recordo. Permaneci desmaiado por uma hora e nesse tempo lembro de duas tentativas para levantar e tornar a desfalecer. Finalmente consegui com muito esforço levantar e à minha volta estavam algumas pessoas. Era um grupo de franceses que me ajudaram a entrar em um carro com meus pertences e sem a moto. Sentia muitas dificuldade de respirar e e uma dor aguda e deduzi que havia quebrado alguma costela. Levaram-me de volta à fronteira com o Chile, país que havia deixado pela manhã rumo à Bolívia. Lá tive que esperar até que alguém me levasse de volta ao Chile pois os hospitais da Bolívia estavam muito distantes. Finalmente um senhor concordou em me levar, juntamente com um dos guardas do parque, naquela que seria a mais dolorida viagem de minha vida, pois como soube depois havia quebrado dez costelas e o ombro e com o impacto os vasos pulmonares se romperam e tive uma hemorragia pulmonar. Levaram-me para São Pedro do Atacama, porém trata-se de um povoado que não tem hospital. Fui a um posto de saúde e esperei uma ambulância que me levaria a um hospital chamado Dr. Carlos Cisternas em Calama.
Enquanto esperava apareceu a Idiana , dona do hotel Corvatsch onde havia me hospedado nas noites anteriores.
Disse-me que guardaria minhas coisas e que assim que chegasse ao hospital deveria fugir daquele lugar pois lá eu morreria por falta de cuidados. Tranquilizou-me dizendo que mandaria um casal de amigos me tirar de lá. Cheguei a Calama uma hora e meia depois e de fato fui jogado numa maca e lá permaneci sem que ninguém me examinasse. Foi assim que conheci o Juan e a Evelyn que contrataram uma ambulância e me levaram para o Hospital do Cobre Dr. Salvador Allende.
Fiquei quase um mês naquele hospital e recebi o carinho e a atenção desse casal maravilhoso e da Idiana que sempre me ligava e às vezes ia me visitar. Fui tratado com carinho pela equipe médica liderada pelo Dr. Torres e pelas enfermeiras e fisioterapeuta e até a chegada da Lena que estava no Brasil foram as minha companhias.
Eis que volto à estrada cinco anos depois e evidentemente uma parada em Calama seria obrigatória para visitas os amigos mas desta vez em companhia da Lena esta brava e corajosa mulher
Chegamos a Calama no dia do 5 de maio e no dia seguinte comecei a ter febre e me sentir mal e fui diagnosticado com Covid
Por coincidência dia 7 de maio estava novamente no Hospital do Cobre exatamente na mesma data de minha internação cinco anos antes.
Felizmente não tive que ser internado e fiquei em quarentena em um hotel.
Obviamente Lena também pegou o Vírus e neste momento aguardamos que se complete a quarentena para podermos fazer novos exames e receber alta.
Espero voltar à estrada na quarta feira e Lena voltará para o Brasil.
Essa foi a razão deste prolongado silêncio.
Se cuidem!!!
Pode deixar Sonia, obrigado.