Arquivo mensais:maio 2017

Mais do que carne e osso , somos feitos de sonhos.

Diário de bordo

Mais do que carne e osso , somos feitos de sonhos.

  • Nelson Muniz Barretto
  • 24/maio/2017

IMG_4757Reserva Natural de Fauna Andina, Eduardo Avaroa.

Pela manhã saí de San Pedro de Atacama no Chile em direção à Bolívia.

O caminho que leva à fronteira é uma longa subida e muito bonito. O frio é intenso e piora quanto mais subimos.

Estou preparado, pensei e em outras situações em que tive que enfrentar a altitude meu corpo reagiu bem.

Finalmente conheceria esse lugar mágico que consumiu muitas horas de pesquisa e planejamento.

Por se tratar de região desértica o planejamento  foi cuidadoso. Troca dos pneus de “la Gordita” ( BMW1200 Adventure), com direito a verificação minuciosa de seu funcionamento. A bagagem também ganhou um carregador de bateria de emergência e alguns litros de água para o caso de eu ter que acampar.

Dessa vez testei o fogão antes da partida.

O controle de imigração à entrada do Parque é demorado e os guias locais acabam furando a fila apesar dos protestos dos outros visitantes. Tão logo entrei  na Bolívia descobri que a alfândega seria feita em outra cidade dentro da reserva aonde teria que passar para dar entrada da moto.

Finalmente começava a aventura tão desejada e ao mesmo tempo temida. Sempre me preocupei em fazer esse trecho sozinho pois um acidente nessas condições geralmente é fatal. Fiquei deslumbrado com a paisagem e logo avistei um lago magnífico que mais parecia uma pintura. O vento forte e o frio era incomodo e a estrada de cascalho solto era razoável.

Mais adiante um bando de vicunhas atravessou a estrada bem à minha frente.

E´lindo vê-las correr livres pelos campos. Sua cor se confunde com a paisagem e é preciso estar atento para não atropela-las.

Parei para tirar uma foto e por causa do frio nem as luvas tirei.

Aproveitei para descansar um pouco pois nessas estradas o melhor é conduzir a moto em pé e na altitude próxima a 5000 metros cansa muito

Mais adiante apenas poucos minutos da última foto, sofreria o acidente.

Ia pela estrada procurando seguir as marcas de carro pois o terreno é mais firme. Entre as marcas um monte de pedras soltas que no Brasil chamamos facão.

Não sei se foi o vento ou se perdi a trilha. O certo é que perdi por completo o controle da moto e percebi que o tombo seria inevitável pelo lado esquerdo. Essa é a última imagem que guardo na memória com relação ao acidente.

Creio que permaneci desmaiado por cerca de uma hora. Fazia uma força enorme para levantar-me e  a dor era muito forte na região do tórax. Respirar era difícil e pensei que seria por causa da altitude. Notei quando levantava alguns pés à minha volta e me dei conta que não estava sozinho.
Um grupo de franceses me socorreu e um deles era médico.

Levou-me à entrada do Parque e não os vi mais.

  os guardas do parque disseram que não poderiam levar-me de volta ao Chile. Nesse momento Bolívia e Chile enfrentam graves problemas diplomáticos envolvendo as fronteiras.

Por sorte um senhor que por ali passava disse que me levaria se eu pagasse  a viagem. Juntou-se a nós um dos guardas do parque.

Deixamos o parque duas horas depois do acidente e fui levado de volta para San Pedro de Atacama na mais dolorida viagem de minha vida.

Meus pertences foram colocados no carro e ao chegar ao posto de saúde pedi que fossem ao hotel aonde havia ficado hospedado entregar minhas coisas.

Já estava na ambulância  que me levaria a Calama quando chegou Idiana a proprietária do hotel.

Tão logo soube do acidente correu ao posto de saúde.

Pegou na minha mão e disse. “ Vão levá-lo a um hospital público em Calama mas você tem que sair de lá pois senão você morre. Falarei com amigos que estarão esperando por você em Calama  e vão levá-lo a outro hospital, não se preocupe”.

Cheguei ao hospital lá pelas três  e meia da tarde e  logo chegaram os amigos de Idiana, Juan e Evelin que ao meu lado ficaram.

Enquanto estive no hospital  Dr.Carlos Cisternas tinha duas preocupações. Avisar em casa que estava bem antes que soubessem por terceiros e se assustassem e manter-me consciente o tempo todo.

Conseguiram uma ambulância e fui transferido para o Hospital del Cobre

Já passava das cinco quando fui finalmente atendido. Constataram inicialmente três costelas quebradas e uma hemorragia no pulmão.

Posteriormente mais duas costelas quebradas  e o rompimento do ligamento  acromioclavicular no ombro.

Foram dias de muita dor e solidão apesar do carinho de Juan e Evelin e das mensagens diárias de Idiana e de Alberto seu marido.

Lena recém operada não pode viajar até quinta feira quando finalmente chegou a Calama.

Fui tratado com atenção e carinho por todos da equipe médica o que em muito ajudou na minha recuperação.

Hoje, recebi alta e aguardo ansiosamente o momento de voltar ao Brasil e rever pessoas tão queridas.

Alguns ossos quebrados e a carne machucada não foram suficientes para abalar meus sonhos que continuam intactos.

Porém os  sonhos terão que esperar um pouco pois antes tenho que operar o ombro e novamente preparar meu corpo para as novas aventuras.

Notas de Acidente

Imprevistos

Notas de Acidente

  • Nelson Muniz Barreto
  • 08/maio/2017
Amigos e leitores que vêm acompanhando whynot.net.br,
Como devem  saber, toda aventura envolve riscos e este meu marido amado acabou de cruzar um dos riscos do caminho.
De repente a ótima estrada se transformou em ripios e apesar da baixa velocidade o acidente foi inevitável.  Ele foi arremessado longe e ganhou algumas costelas quebradas, uma lesão de ombro ainda em fase de diagnóstico e uma contusão pulmonar importante. Atualmente está no Hospital del Cobre em Calama aguardando finalizar os exames. Está bem mas sob observação.
Viagem interrompida por período indeterminado. Felizmente tudo isso tem solução e estou muito feliz por vê-lo vivo e inteiro!
Vou dando noticias novas assim que possível!
Lena
No caminho de Antofagasta, Chile.

Fotos

No caminho de Antofagasta, Chile.

  • Nelson Muniz Barretto
  • 02/maio/2017

No percurso para Antofagasta passei novamente por La Serena e tive que esperar um dia a mais  em razão da neblina e  do frio.

Parti com tempo feio mas que melhorou, na medida em que avançava para o norte. Resolvi visitar alguns lugarejos na costa, como Caldera e Bahia Inglesa, lindo balneário onde se come ostiones, vieiras para nós,  (coquille St.Jacques em francês ou Great scallops em inglês).

No passado piratas usavam a baia para descarregar seus tesouros como alguns acreditam.

Visitei ainda Chañaral com seu belo parque nacional chamado Pan de Azúcar e  depois a cidade de Taltal onde dormi.

Desse ponto poderia seguir pela estrada 5 mas preferi seguir pela costa e valeu a pena. Lindas paisagens apesar da falta de vegetação.

Hoje estou em Antofagasta, me preparando para chegar bem ao deserto do Atacama.

Espero que gostem das fotos.

No caminho de Antofagasta, Chile.

  • Nelson Muniz Barretto
  • 02/maio/2017

No percurso para Antofagasta passei novamente por La Serena e tive que esperar um dia a mais  em razão da neblina e  do frio.

Parti com tempo feio mas que melhorou, na medida em que avançava para o norte. Resolvi visitar alguns lugarejos na costa, como Caldera e Bahia Inglesa, lindo balneário onde se come ostiones, vieiras para nós,  (coquille St.Jacques em francês ou Great scallops em inglês).

No passado piratas usavam a baia para descarregar seus tesouros como alguns acreditam.

Visitei ainda Chañaral com seu belo parque nacional chamado Pan de Azúcar e  depois a cidade de Taltal onde dormi.

Desse ponto poderia seguir pela estrada 5 mas preferi seguir pela costa e valeu a pena. Lindas paisagens apesar da falta de vegetação.

Hoje estou em Antofagasta, me preparando para chegar bem ao deserto do Atacama.

Espero que gostem das fotos.